Os investigadores da PF entenderam que as ações de Bolsonaro tiveram um resultado concreto contra o governo brasileiro, com a imposição do tarifaço de 50% por Trump aos produtos exportados pelo Brasil. Segundo a investigação, o próprio ex-presidente passou a vincular publicamente a revogação dessa medida à aprovação de uma anistia aos acusados de tentativa de golpe.
A apuração detectou que Bolsonaro financiou esse movimento por meio da remessa de R$ 2 milhões para seu filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), permanecer nos Estados Unidos e realizar ações para obstruir o julgamento. Bolsonaro admitiu a remessa em depoimento à PF no mês passado. Por esses motivos, a PF pediu a Moraes autorização para deflagrar a operação de ontem.
Câmeras
Os investigadores da PF que cumpriram mandados de busca e apreensão na residência de Bolsonaro usaram câmeras corporais para ter um registro das imagens da ação e poder rebater eventuais acusações de irregularidades durante a operação.
Em entrevista concedida após a ação, Bolsonaro insinuou que um agente da PF teria plantado um pen drive apreendido no banheiro de sua casa. Ele disse que a agente "pediu para ir ao banheiro e voltou com o pen drive na mão". Após ser questionado, ele recuou: "Não estou sugerindo nada. Estou é surpreso. Vou perguntar para minha esposa se o pen drive era dela". Eduardo fez uma publicação nas redes sugerindo que o item poderia ter sido plantada pela PF.
O Estadão apurou que a ação de busca e apreensão foi filmada por meio das câmeras corporais dos agentes. Essa é uma medida que costuma ser adotada pela PF em operações consideradas mais sensíveis, que podem ser alvo de contestação dos investigados. Com isso, a avaliação dos investigadores é de que a insinuação do ex-presidente poderia ser rebatida por meio dos registros dessas imagens. Os vídeos, porém, só devem ser apresentados caso a defesa apresente alguma contestação formal.
Alerta
A Procuradoria-Geral da República pediu ao ministro do Supremo a imposição de medidas cautelares em razão da "possibilidade concreta de fuga de Bolsonaro. O chefe do Ministério Público Federal, Paulo Gonet, considerou que o ex-presidente e Eduardo articularam uma ameaça que "consiste na perspectiva de inflição de medidas punitivas pelo governo norte-americano".
Para Gonet, Eduardo Bolsonaro se coloca como articulador de sanções dos EUA que, segundo o filho do ex-presidente, "estariam prontas para serem incrementadas e implementadas, gradual ou imediatamente, contra autoridades que investigam a ele próprio, ao seu pai e a correligionários". De acordo com o procurador-geral, essas autoridades integram a PF, a PGR e o Supremo.
'Intimidatório'
Com citações a publicações do deputado licenciado nas redes sociais, Gonet destacou que "há um manifesto tom intimidatório para os que atuam como agentes públicos, de investigação e de acusação, bem como para os julgadores na ação penal (do golpe), percebendo-se o propósito de providência imprópria contra o que Eduardo Bolsonaro parece crer ser urna provável condenação".
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
(Com Agência Estado)
Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.
Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.
Siga-nos no TWITTER ; INSTAGRAM e FACEBOOK e acompanhe as notícias em primeira mão.