Pouco menos de duas horas bastaram para desnudar o segredo que orienta os movimentos do bilionário presidente norte-americano. Ao lado do meu filho mais novo – com o pacote de pipoca sobre o seu colo e o copo de guaraná apoiado no braço da poltrona -, meus olhos, iluminados pela tela, desenhavam o roteiro que acredito guie Donald Trump. Assistíamos a Quarteto Fantástico, franquia da Marvel.
Imagino que Trump tenha assistido à pré-estreia deste filme numa sessão exclusiva na Casa Branca ou, quem sabe, em sua suíte na Trump Tower, em Nova Iorque - cidade onde a trama se desenrola. Deve ter visto várias vezes, deliciando-se com o personagem que viria a encarnar na vida real. Não, ele não queria ser o Senhor Fantástico, nem a Mulher Invisível, tampouco o Tocha Humana, apesar da cor, ou o Coisa, mesmo com a semelhança física.
Trump é Galactus. Um devorador de mundos que garante a própria sobrevivência ao consumir as forças de outros planetas. Galactus é movido pela necessidade de se alimentar, tornando-se uma ameaça à existência de mundos – no caso de Trump, de países inteiros.
A tirania de Galactus em Quarteto Fantástico encontra perfeita correspondência nas atitudes de Trump contra outras nações. Suas tarifas, na imensa maioria, não se sustentam em critérios comerciais ou econômicos. No caso brasileiro, a arbitrariedade é ainda mais gritante: ele próprio admite condicionar um recuo no tarifaço à libertação de um criminoso que atentou contra a nossa democracia.
O que move o bilionário norte-americano é a fome de humilhar o outro, de usar sua pretensa força imbatível para impor vontades absurdas. Ele se alimenta de ataques gratuitos a países que não lhe representam qualquer ameaça - alguns, inclusive, aliados estratégicos. Faz isso pelo prazer de inflar o próprio ego, construindo a imagem de que pode subjugar povos inteiros.
A vida imita a arte. Trump incorpora o que a ficção criou para o cinema e espalha pelo mundo o mal, o caos, o ataque às instituições democráticas e às liberdades. Mas desconfio que ele não tenha assistido ao filme até o fim. Porque, assim como em Quarteto Fantástico, o mal será derrotado - e ele, devolvido ao buraco de onde nunca deveria ter saído.
(*) OLIVEIROS MARQUES é sociólogo, publicitário e comunicador político.
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