Mato Grosso figura entre os estados mais críticos da Amazônia Legal em casos de maus-tratos contra crianças e adolescentes. Levantamento do relatório Violência contra Crianças e Adolescentes na Amazônia Legal (2021-2023), produzido pelo UNICEF e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), mostra que o estado liderou o ranking em 2021 e 2022, com 675 e 715 ocorrências, respectivamente, e passou para o segundo lugar em 2023, com 980 registros, atrás apenas do Pará (1.031 casos).
No total, Mato Grosso contabilizou 2.370 denúncias em três anos, representando uma fatia significativa das ocorrências da região. Os dados revelam que a maioria das vítimas são meninas, especialmente na faixa etária de 5 a 9 anos, e que a violência, em grande parte, ocorre dentro de casa e é cometida por familiares.
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Levantamento do relatório Violência contra Crianças e Adolescentes na Amazônia Legal (2021-2023), produzido pelo UNICEF e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP)
A pesquisa também mostra que crianças negras foram desproporcionalmente afetadas, representando 76,7% das vítimas na Amazônia Legal entre 2021 e 2023.
Casos recentes no estado ilustram a gravidade do problema. Em Cuiabá, no dia 26 de junho, policiais do 3º Batalhão prenderam um jovem de 18 anos e apreenderam uma adolescente de 17 por agressão a uma criança de 1 ano e 5 meses. A vítima deu entrada na UPA do bairro Morada do Ouro com lesões graves.
Os suspeitos, usuários de drogas, inicialmente apresentaram versões contraditórias e, posteriormente, confessaram a agressão. Em Araguaiana (573 km da capital), no dia 3 de julho, uma mulher de 30 anos foi presa por tráfico de drogas, contrabando e abandono de incapaz, após denúncias de maus-tratos. Policiais encontraram uma criança sozinha próxima a um pacote de maconha, enquanto outras três estavam em situação de abandono.
No local, foram apreendidas drogas e anotações relacionadas ao tráfico. Todas as crianças foram encaminhadas ao Conselho Tutelar. O levantamento aponta que a taxa de maus-tratos na Amazônia Legal em 2023 superou a média nacional, com sete dos nove estados da região apresentando índices acima da média do país.
Frente a este cenário, UNICEF e FBSP recomendam ações integradas entre órgãos de proteção, segurança e saúde, além de campanhas permanentes de prevenção e canais acessíveis para denúncias. No Brasil, casos suspeitos ou confirmados podem ser denunciados de forma gratuita e anônima pelo Disque 100 ou diretamente nos Conselhos Tutelares.
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