Janaina Riva classificou como “inaceitável” a indenização de R$ 150 mil fixada pela Justiça do Trabalho à trabalhadora venezuelana que perdeu as filhas gêmeas depois de ter sido impedida de sair do frigorífico BRF — uma das maiores empresas de alimentos do mundo — em Lucas do Rio Verde (334 km de Cuiabá).
“A vida de duas crianças vale apenas R$ 150 mil? Isso é inaceitável. Essa é uma tragédia que escancara o desprezo com que muitas empresas ainda tratam mulheres grávidas, como se elas não merecessem respeito, acolhimento e proteção”, escreveu a deputada estadual.
Ela destacou ainda a frieza corporativa revelada pelo caso, que evidencia um sistema que desumaniza trabalhadoras e ignora direitos elementares. “Essa mãe perdeu suas duas filhas na porta de uma multinacional, enquanto implorava ajuda e era ignorada. Até quando a vida de mulheres e crianças vai valer tão pouco neste país?”
O episódio ocorreu em abril de 2024, quando a funcionária, grávida de oito meses, passou a sentir fortes dores, náuseas, tontura e dificuldade para respirar logo no início do expediente, às 3h40. Mesmo relatando o agravamento do quadro ao supervisor e à líder imediata, teve reiterados pedidos de socorro negados, sob a justificativa de que a linha de produção não poderia ser interrompida. A recusa em liberá-la culminou na morte das duas crianças, ainda no local.
A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) também se pronunciou sobre o caso nas redes sociais e classificou a situação como reflexo de uma “lógica de escravidão” ainda presente no mercado de trabalho brasileiro.
“Essa notícia não pode ser ignorada. É uma trabalhadora imigrante, que veio ao nosso país em busca de dignidade, e foi tratada como descartável por uma multinacional bilionária. Isso está muito próximo de condições análogas à escravidão”, afirmou.
Sâmia também questionou veementemente o valor fixado como reparação: “O que significam R$ 150 mil para uma empresa desse porte? Isso não repara o trauma, a violência e a brutal negligência que custaram a vida de duas crianças. É revoltante que se naturalize esse tipo de exploração no Brasil e em qualquer lugar do mundo.”
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