Advogados ‘surtam’ em cela e exigem academia e ar-condicionado em penitenciária

Reprodução

Os advogados Pauly Ramiro Ferrari Dorado, de 45 anos, e Benedito César Corrêa Carvalho, de 54 anos, que cumprem pena na Penitenciária Ahmenon Lemos Dantas, em Várzea Grande, ‘surtaram’ dentro da cela que estão detidos, exigindo melhorias.

De acordo com o Programa do Pop, da TV Cidade Verde, exibido nessa quinta-feira (31), os dois são mantidos na Sala de Estado Maior do complexo penitenciário e começaram a comparar as condições da unidade com a Penitenciária Masculina - MJ PM Eldo de Sá Correia, conhecida como “Mata Grande”, em Rondonópolis (216 km de Cuiabá).

A queixa é de que o Ahmenon não dispõe das mesmas ‘regalias’ que a Mata Grande, como academia, por exemplo. Revoltados, os dois começaram a quebrar objetos, exigindo academia e ar-condicionado na cela.

Eles precisaram ser contidos pela Polícia Penal e foram encaminhados para exame de corpo e delito. A Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) instaurou um procedimento administrativo disciplinar para apurar a conduta dos presos.

HISTÓRICO

Essa não é a primeira vez que Pauly e Benedito causam rebuliço na unidade prisional. Em junho deste ano, os dois trocaram agressões e ameaças dentro da Sala de Estado Maior. O tumulto começou depois que Benedito acusou Pauly de ser ‘porco.

Segundo ele, o desafeto deixava ‘escarros’ na pia da cela que dividem, causando irritação. Então, os advogados começaram a trocar agressões e ameaças.

Pauly chegou a dizer que iria chamar a facção criminosa Comando Vermelho, da qual é suspeito de integrar, para matar Benedito. Por causa dos ferimentos, Pauly foi encaminhado para atendimento médico e Benedito procurou a direção da unidade prisional para registrar um boletim de ocorrência contra o colega de cela.

QUEM SÃO OS PRESOS

Benedito foi preso em 10 de maio deste ano depois de ameaçar uma adolescente de 16 anos, contratada para um programa sexual, na casa dele, no bairro Araés, em Cuiabá.

Dois anos antes, em 2023, ele já havia sido detido por manter uma jovem em cárcere privado, após usar drogas e impedi-la de sair. Na ocasião, a vítima pediu socorro da sacada do apartamento, e Benedito chegou a ameaçar trocar tiros com a polícia, sendo detido com uma faca.

Em 2017, ele também foi preso por ameaçar uma garota de programa de 22 anos com uma faca. A vítima gritou por socorro e relatou que o procurador teve um surto após usar drogas. Em 2011, Benedito foi detido em um motel da cidade, acusado de ameaçar duas mulheres com uma arma de fogo, conforme o registro policial.

Já Pauly foi preso no âmbito da Operação Patrono, deflagrada pela Polícia Civil no dia 17 de abril deste ano. Membro do Comando Vermelho, ele prestava assessoria jurídica à facção e atuava em crimes como venda ilegal de armas, resgate de drogas, consultas de pessoas rivais e recuperação de veículos roubados.

O nome da operação faz alusão à distorção da função constitucional do advogado, que, neste caso, utilizava seu conhecimento jurídico e prerrogativas profissionais não para a defesa do direito, mas para facilitar, proteger e fomentar a atividade criminosa organizada, em frontal violação aos deveres éticos e legais da advocacia.    

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